Renato Gorgulho

A diminuição do sofrimento psiquiátrico passa por uma combinação de questões acolhidas por mim em uma constante volta aos fatos passados mencionados pelo analisando, ou seja, você, caro paciente. O psicanalista usa toda sua técnica e habilidade para desenvolver os modos de interpretação, esforçando-se para estabelecer uma transferência que ancore a evolução da terapia, a fim de conhecer a etiologia [origem] do mal-estar que aflige a pessoa, seus sintomas psíquicos e psicossomáticos [psico = mente; soma = corpo: sintomas ou mesmo enfermidades sem origem biofisiológicas. como dores estomacais, dores nas costas, enxaqueca, alterações no ciclo menstrual ou mesmo amenorreia, psoríase, vitiligo, gagueira, Sensação de Globus [sensação de ter um objeto ou um "bolo" na garganta] e, à medida que o tratamento avança, o paciente, através de seu autoconhecimento, da análise de memórias reprimidas, interpretação de sonhos [veja bem: não existe manual de interpretação dos sonhos, como "sonhei com minha chefe, vou jogar na 'vaca' no Jogo do Bicho"; não, em princípio, todo mundo que está no seu sonho foi criado pela sua mente e, seu sonho é só seu, pessoal e intransferível, depende da sua história, do contexto em que você vive e da situação que você está passando. A seguir, vou listar as características que, na minha opinião, são indispensáveis para um bom psicanalista. Confiança As sessões de psicanálise podem ser compreendidas como uma troca feita em um ambiente íntimo, onde o analisado compartilhará seus anseios mais profundos. Confiança para o paciente é um fator que considero importante ao se iniciar o processo, deixando o o paciente à vontade para poder falar de seus sentimentos. Sensibilidade O desenvolvimento da sensibilidade na análise não necessariamente tem a ver com demonstrar afetividade, mas em saber se relacionar com o problema do outro. A compreensão do papel do analista passa por tornar-se sensível aos sintomas do paciente, sem distinção moral ou equivalência entre os atendidos. Eu, naturalmente, tenho minhas crenças, preferências etc., mas isso está completamente fora de questão no âmbito clínico. Eu não sou superior ou inferior ao meu paciente: não sou uma autoridade. Não vou lhe oferecer conselhos. Nós somos parceiros e a caminhada é sua. Eu tenho as ferramentas para te auxiliar nessa caminhada. Não há julgamento quanto a pensamentos, atos, crenças. E o sigilo é condição 'sine qua non' para exercer minha prática. Dedicação A demonstração do profissionalismo na psicanálise passa pelos efeitos da abordagem na vida de cada pessoa analisada. Para que os resultados sejam mais efetivos e feitos no menor intervalo que o processo permite, o psicanalista precisa estar em constante formação, buscando cursos e grupos de pesquisa que o permitirão estar sempre atualizado, na prática e na teoria. É uma das regras da atividade psicanalítica: o estudo ininterrupto. Os outros dois consistem em o analista ser analisado por um colega [isso mesmo, eu faço psicanálise semanalmente] e a supervisão: mantenho contato com uma colega mais experiente discutindo meus casos [com total anonimato] a fim de trocar impressões e evoluir. A compreensão do ofício Cada indivíduo é único e, por isso, cada processo é dotado de um ritmo e uma duração própria. Entender como fazer um bom atendimento psicanalítico passa pelo exercício da prática, combinada ao próprio desenvolvimento profissional. No curso de uma formação em psicanálise, muitos desafios foram postos à minha frente. O foco para a realização é, enfim, mergulhar na abordagem e tornar-me apto a aprender diariamente com os pacientes. É mais ou menos isso que quero lhe dizer, caro paciente. Há muito mais. Mas ao longo da nossa trajetória, muito será revelado. Abraços.

Atendimento para adolescentes / jovens a partir de 13 anos.