Quem tem a bacteria no estomago tem q fazer tratamento com antibiotico?

2 respostas
Quem tem a bacteria no estomago tem q fazer tratamento com antibiotico?
Sim, o tratamento com antibióticos é normalmente recomendado para pessoas que têm a bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) no estômago, especialmente se essa bactéria estiver associada a condições como gastrite, úlceras estomacais ou duodenais, ou um risco aumentado de câncer gástrico.

O tratamento padrão geralmente envolve uma combinação de dois ou mais antibióticos, junto com um medicamento para reduzir a acidez gástrica (como inibidores da bomba de prótons), o que facilita a eliminação da bactéria e ajuda a curar o estômago. O regime de tratamento costuma durar cerca de 14 dias.

Se você foi diagnosticado com H. pylori, é importante seguir a orientação médica para garantir que a bactéria seja completamente erradicada, já que ela pode causar problemas a longo prazo se não for tratada.

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Eu ainda tenho pouca condição de escrever aqui. Meus estudos no Exterior sao intensos, e me deixam pouca energia. Quem tiver a curiosidade de ver meu perfil notará que já sou um tanto velhinho, rssss.
Mas, em especial pelos mais de 4,5 milhoes de leitores que me honram aqui, vou fazer o meu melhor para EXPLICAR sobre esses assuntos. Claro que é uma explicação genérica, que NAO É uma resposta para pessoas com esse problema. Só posso dar aconselhamento pessoal para meus pacientes.
Pacientes de outros médico(as) DEVEM SEGUIR a orientação dada por estes, que conhecem o caso de seus pacientes.

H. PYLORI

- o que é?
- o que causa?
- como se faz o diagnóstico?
- como se trata ?

Escrevo também sobre minha experiência com o H. pylori.


SOBRE O H. PYLORI

----O H. pylori é o maior causador de úlceras e gastrites, e
é causa comum de duodenites. Tem papel importante no
câncer de estômago, embora este seja multifatorial. Isso foi confirmado já na década de 1990 pela ORGANIZAÇAO MUNDIAL DE SAÚDE.

===O H. pylori é muito comum e atinge metade da população do mundo(!!). São bilhões de pessoas afetadas.
Isso
mesmo: bilhões(!!).

====Por incrível que possa parecer, a maioria dos pacientes com H. pylori não tem sintomas. É verdade, a imensa
maioria dos pacientes nada sente.
Mas quem tem úlceras e gastrites causadas pelo H. pylori, poderá ter alguns dos sintomas abaixo.

=====No caso de úlceras e gastrites pode haver dor abdominal (sintoma mais comum). Geralmente a dor é acima
ou em torno do umbigo.

======Há pacientes com náuseas(enjôo) e até vômitos.
Muitos tem plenitude (sensação de estômago cheio).

========Alguns pacientes tem saciedade precoce
(sentir-se satisfeito logo no início da refeição). Eles nos falam: "Doutor, comi só um pouquinho, mas parece que comi um
boi."

=========Mas só com esses sintomas não é possível
diagnosticar se há o H. pylori. Ter esses sintomas NAO faz diagnóstico de H. pylori.
É importante saber isso. SINTOMAS NAO SIGNIFICAM H. pylori. O diagnóstico do H. pylori NAO é feito pelos sintomas, até por que a imensa maioria dos portadores de H. pylori não tem sintomas.

O H. pylori é d por água e alimentos contaminados. Nao há ainda certeza como se faz essa transmissão.

DIAGNÓSTICO

==========O diagnóstico, no Brasil, é feito durante a
Endoscopia. A Endoscopia também permite um excelente
diagnóstico da situação do esôfago, estômago e duodeno.

===========Há algumas sutilezas para a descoberta do
H. pylori pela Endoscopia. Por exemplo, se o paciente estiver em uso de IBPs (como omeprazol, lansoprazol, pantoprazol) o exame poderá ser FALSO-NEGATIVO. Em outras
palavras, o H. pylori está lá, mas o exame não detectou.
Pessoalmente, continuo tendo minhas cismas com as Endoscopias com inúmeras fotos de estruturas normais e pouca atenção para o que importa. Por exemplo, é importante deixar de tomar IBPs (omeprazol, pantoprazol, entre outros) e antibióticos ANTES da Endoscopia.
Pouco me importo com 1, 2, 500 fotos. Mas me importo muito com respeito á qualidade do exame e á observação dos dados tecnicos, como evitar IBPs e antibióticos previamente ao exame.

========== Na minha prática solicito aos pacientes que
parem de tomar os IBPs por um tempo antes da Endoscopia. Mas tenho a sorte de ser um Médico que acompanha
os pacientes por longo prazo, e conhece bem seus pacientes.
Se preciso, substituo os IBPs temporáriamente.


IMPORTANTE:

============estudos recentes comprovam que pessoas que tem parentes próximos com câncer de estômago
farão prevenção de câncer se eliminarem o H.
pylori. E isso é importante.
É uma prevenção fácil e relativamente barata.
Mas lembro que o câncer de estômago é multifatorial e que, naturalmente, só uma parcela
mínima, ínfima, das pessoas com H. pylori desenvolvem
esse câncer.

CONCLUINDO:

Assim, mesmo o diagnóstico do H. pylori (algo que parece
fácil) tem suas sutilezas que devem ser respeitadas.
O tratamento se faz com pelo menos 2 antibióticos, associados a um IBP (como omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, etc).
O tratamento é eficaz, e os efeitos colaterais são relativamente incomuns, e costumam passar com o prosseguimento do tratamento. Nos raros casos em que a
bactéria não é eliminada, usa-se tratamentos de salvamento (ou segunda linha). Apesar do nome desagradável, esses tratamentos são eficazes e costumam
eliminar o H. pylori. Esses tratamentos podem ter até 3
antibióticos além dos IBPs. Pode-se usar antibióticos diferentes do tratamento inicial. Contudo, esses medicamentos variam conforme o local geográfico, já que pode haver resistência da bacteria a determinados antibióticos em diferentes locais do mundo.
Mas, como tudo em Medicina, tudo é individual.
A imensa maioria dos pacientes que tratam o H. pylori não tem efeitos colaterais. Quando eles acontecem, geralmente são leves e bem tolerados e passam rapidamente com o uso das medicações.

Minha experiência:
comecei a praticar ANTES da descoberta do H. pylori. Não se sabia a causa das úlceras e gastrites e muito menos que a bacteria estava envolvida no câncer de estômago. Foi uma grande e fascinante evolução da Medicina, que tive a sorte de acompanhar de perto.

Dessa forma, tive a sorte de acompanhar essa página fundamental da Medicina, onde descobrimos a maior causa dessas doenças. Foi algo fascinante.
Desde a descoberta da bactéria, há mais de 30 anos, passei a trata-la. Houve raras vezes em que tive que usar os tratamentos de segunda linha, para casos resistentes. E nunca tive pacientes com efeitos colaterais severos.
Quando há úlcera é importante verificar se houve a erradicação após o tratamento. E é importante manter o paciente sem H. pylori nos casos de metaplasia no estômago (metaplasia NAO é neoplasia, são conceitos diferentes e eu já escrevi bastante sobre isso neste site).
Embora na maioria dos casos de gastrite não exista recomendação formal para exames de controle após o tratamento(exceto quando há facilidade para isso), costumo seguir o desejo de meus pacientes. E faço isso em S. Paulo ou na Atividade Humanitária no Sertão.
Claro que devemos ver tudo de modo pessoal. Cada caso é um caso.
Vejo (e trato) os pacientes dos 2 locais exatamente da mesma forma.

Não há diferença em NADA no Atendimento S. Paulo ou no Sertão
Isso exatamente por que meu atendimento não se baseia em fatores financeiros.
Se alguém é meu paciente o que tenho a fazer é dar o meu melhor, em qualquer lugar.
Nos casos de úlcera causada pelo H. pylori e em caso de Linfoma MALT(um tipo de câncer específico dessa bactéria) há necessidade de comprovar a eliminação após o tratamento.

E há alguma novidade no controle após o tratamento?
Sim.
Pesquisadores, em especial no Japao, demonstraram que um teste de fezes específico para a pesquisa do H. pylori pode ser usado.
Isso é ótimo, pois o teste respiratório (carbono 13 ou 14) pode ser bem caro. O teste das fezes é bem mais barato, e mais simples de fazer.
A Escola Europeia já aprovou seu uso.

Contudo, é preciso cautela:
NEM TODOS os locais tem o teste de fezes assim específico. E não é por isso que devem ser criticados, enfatizo.
Espera-se que esse teste, aos poucos ganhe aceitação pela -
- facilidade de faze-lo,
- simplicidade
- baixo custo.
Na verdade o custo é muito menor do que as outras opções, sem que se perca em especificidade e sensibilidade.
Outra vantagem é que (talvez) seja possível prever a resposta ao tratamento com antibióticos. Mas isso ainda tem certa polêmica, pois não há um número alto de estudos.
E embora já faça parte dos testes disponíveis no Exterior, não é algo ainda disseminado no Brasil.
É algo a se observar com a devida atenção, mas SEM CRITICAR os que ainda não conhecem essa possibilidade.
São novidades. Não se pode criticar ninguém pelo progresso, mas se espera que todos conheçam o que pode beneficiar os pacientes. Mas tudo com sensatez. As críticas excessivas e irrazoáveis não levarão a um melhor tratamento. Mas a sensatez sim, na medida em que incentiva os bons médicos a estudar as novidades.
O que hoje ainda é pouco conhecido, amanhã pode se tornar rotina. Vamos observar e estudar com atenção. Se de fato for algo benéfico, certamente terá seu lugar.

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