Qual a real diferença do lansoprazol e do dexlansoprazol (dexilant)?

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Qual a real diferença do lansoprazol e do dexlansoprazol (dexilant)?
Continuo com pouco tempo e energia para responder. Faço Aperfeiçoamento em uma Universidade no Reino Unido, e as exigências intelectuais são grandes.

Mas ao mesmo tempo fico tocado e honrado com mensagens apoiando minhas (modestas) explicações, e feliz por chegarmos aos 4 milhoes de leitores aqui. Isso é uma alegria!
Por isso, vou EXPLICAR sobre os IBPs. Nada falo sobre seu caso, mas digo que , de modo geral, tudo deve ser informado ao médico(a) que prescreveu, para orientação personalizada. E bons médicos na verdade gostam de responder perguntas, por que elas são sobre o assunto que escolheram como profissao. É claro que um médico(a) gosta de responder a perguntas educadas e gentis.
Mas, voltando á EXPLICAR:

Os IBPs (omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, dexlansoprazol, esomeprazol e outros) são medicamentos muito utilizados. Diria que estão entre os mais importantes e usados na Medicina.
Como sempre, minha resposta NAO É específica para quem perguntou. Eu nunca comento condutas de outros médicos aqui (nem nas minhas consultas). Prefiro EXPLICAR sobre os IBPs, de modo genérico.
O que falo é baseado na Literatura Médica e na minha experiência no uso desses medicamentos.

EXPLICO:

O que são?
Para que servem?
Que riscos tem?
É verdade que causam câncer, demência, derrame (AVC) etc?
Qual minha experiência com os IBPs?


RESSALVA
Tudo que explico é genérico. Apenas o Médico prescritor pode lidar com o IBP para um paciente específico. RECOMENDO : Siga a orientação dada por seu médico(a). O que escrevo NAO é uma consulta, nem é específico para quem pergunta. Escrevo uma EXPLICAÇAO.

Então , como orientação básica, falo sobre os IBPs.
Omeprazol, Pantoprazol, Esomeprazol, Lansoprazol, Dexlansoprazol, Rabeprazol e outros fazem parte dos IBPs.


PARA QUE SERVEM???

Os IBPs são medicações muito usadas nas gastrites, doença de refluxo, úlceras, duodenites e em conjunto com antibióticos para o tratamento do H. pylori.
Geralmente são eficazes e seguras.

Mas cada um deles é diferente:

- no horário de administração: alguns funcionam melhor pela manhã ou á noite; outros funcionam bem a qualquer hora do dia
- no modo de administração: alguns exigem jejum; já outros podem ser tomados com ou sem alimentos

- na interferência com outros medicamentos que o senhor(a) use. Em particular, há algumas medicações anti-trombóticas que devem ser evitadas com o uso de Omeprazol.

- na sua adaptação ao medicamento e resposta ao mesmo, que é totalmente personalizada

Então, achar que "todos são iguais" é um modo simplista de entender os IBPs. Embora todos os IBPs tenham eficiência similar, o Médico experiente sabe que HÁ diferenças. E respeita essas diferenças.

Tenho usado os IBPs desde sua introdução na Medicina, há aproximadamente 30 anos.
E já tratei literalmente milhares de pessoas com essas medicações, tanto a curto como a longo prazo. Tive a sorte de ver a introdução de novos IBPs ao longo dos anos, cada um com sua característica. E aprendi a diferencia-los, como diferenciamos pessoas de uma mesma família.

Por exemplo: hoje quando vou usar IBPs em um moço que trabalha e estuda das 8 até as 23 horas, escolho um IBP que possa ser tomado a qualquer hora, e que não exija jejum. Isso fará grande diferença na adesão do paciente ao tratamento e no conforto que terá. Não haveria sentido em pedir que acordasse bem cedo só para tomar um IBP em jejum.

Já num paciente que use determinadas medicações, por exemplo alguns anti-coagulantes, tenho que escolher um IBP que não interfira no funcionamento das mesmas. Ou mudar o grupo de remedios, escolhendo um que não seja IBP.

E é comum um paciente se adaptar melhor a um IBP do que a outro.
Por exemplo, já vi pacientes que passaram a não responder mais a Omeprazol, mas voltavam a melhorar se tomavam outro IBP.
Isso nos mostra o quanto Medicina é personalizada.

E ás vezes é razoável nem mesmo usar um IBP, e troca-los por outro grupo farmacológico (por exemplo os inibidores H2 ou os protetores gástricos). Mas isso só se sabe estudando caso a caso.
Parece simples, mas requer experiência.

====Não vi nenhum efeito colateral mais pronunciado em meus pacientes.

Tenho visto, especialmente lá no Sertao, pacientes em uso de Omeprazol e que ficam apavorados temendo um risco de câncer ou demência. E o pior: ás vezes me contam que o IBP estava funcionando bem, mas abandonaram o tratamento por medo. Ou ás vezes por opiniões equivocadas, amplamente divulgadas.
Isso me deixa um pouquinho chocado.

Embora os IBPs tenham sido mal falados nos últimos tempos, estudos bem feitos nas Grandes Universidades dos Estados Unidos (Harvard, Yale, Johns Hopkins) não demonstraram maiores riscos mesmo no uso a longo prazo.
E estudos europeus comprovaram que NAO há risco de câncer, demência ou outras doenças mais sérias mesmo com uso a longo prazo. Em outras palavras, mesmo os riscos teóricos dos IBPs, como osteoporose, e supercrescimento bacteriano, ainda não foram comprovados em nenhum estudo sério. Então, até este momento, são medicamentos eficazes e seguros.

NOVIDADES

A American Gastroenterology Association, em um Guideline recente, sugere que um IBP deve ser retirado SE nao fizer efeito adequado, mas NAO por receio de efeitos colaterais.

Um Guideline é uma orientação genérica aos médicos. É claro que é útil. Mas um Médico de alta qualidade sabe que cada paciente é diferente, e um Guideline é uma orientaçao geral.
Fiquei reconfortado ao ler o Gudeline e ver que minha conduta de suspender um IBP em caso de este não fazer o efeito adequado, e nao por "modismos" , medo ou efeitos ainda não comprovados, é correta.
Claro que cada IBP, como qualquer remédio, funcionará de modo diferente para cada pessoa. Isso tem sido estudado no Exterior, e é chamado de genomica. Mas ainda não sabemos POR QUE há essa variação.
Recebo os Guidelines com certa frequencia, mas sempre tento adaptar o que leio ao que já estou fazendo, usando tanto a Literatura quanto a experiência clínica. Essa mistura pode trazer o máximo benefício para o paciente.
De nada adiantaria conhecer a fundo os Guidelines e não ter experiência clínica. E só saber a prática, sem estudar, equivaleria a parar no tempo. É preciso ter experiência clínica E estudar o que a ciência nos diz.

===A segurança dos IBPs, contudo, traz alguns riscos.
É razoavelmente comum que os pacientes os usem por sua conta, sem qualquer acompanhamento médico. E, algumas vezes, vemos pacientes que não fizeram qualquer consulta ou exame antes de usa-los. Isso pode trazer riscos, já que doenças importantes podem deixar de ter diagnostico correto e a tempo de um tratamento eficaz.
Dou um exemplo simples: se o paciente tiver um problema causado por H. pylori, que atinge metade da população mundial, o uso isolado do IBP nao tratará o H. pylori e nao resolverá o problema a longo prazo, embora possa melhorar os sintomas. Difícil? um pouquinho. Por exemplo, um IBP vai cicatrizar uma úlcera duodenal causada por H. pylori. Mas, como o IBP sozinho não trata o H. pylori, a úlcera certamente irá voltar. E isso é um risco, já que a úlcera pode levar a complicações como por exemplo o sangramento (que pode ser bastante sério).

Vejo aqui na Inglaterra (e já vi nos Estados Unidos) IBPs sendo vendidos em Supermercados, sem qualquer receita. Fico sempre pensando se isso é realmente o melhor. Provavelmente não é.

===Em conclusão: os IBPs são medicamentos eficazes , seguros e confortáveis. Mas, mesmo que a principio não pareça, há diferenças entre os diversos IBPs.
E estes devem ser usados sob supervisão médica. E de modo personalizado.


ALGUMAS PALAVRINHAS A QUEM ME PROCURA

1)
Nas proximas semanas não haverá nem mesmo atendimento telefônico na Clínica. Estamos aproveitando meus estudos no Exterior para revitalizar a Clínica. Neste momento só há pedreiros e pintores, que nao estao autorizados a atender o fone.


Por favor, não tente contato por fone. Não queremos que fique frustrado. Temos grande respeito a nossos pacientes.

2)
Temos a intenção de reformular a Agenda quando eu voltar ao Brasil. Mas agora não atenderemos telefonemas. Se quiser saber como estamos na reformulação da Agenda, pode escrever para abea.filantopia@gmail.com, mencionando a palavra "consulta" no assunto.

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