Por que atualmente está havendo maior números de pessoas com depressão do que antigamente?

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Por que atualmente está havendo maior números de pessoas com depressão do que antigamente?
Essa pergunta é crucial hoje. Há dois fatores sobre a maior incidência de depressão. Elas giram em torno da cultura. Embora haja predisposição genética, a deflagração não pode existir sem fatores psicossociais exatamente porque esses fatores assumem características subjetivas em cada individualidade. (não há como mapear os fatores objetivamente, pois os fatores podem ser objetivos, mas a experiência psíquica em cada um é subjetivo) O psiquismo não é uniforme em todos, mas as exigências culturais massificantes sim, essa contradição já é um marco inicial nos estudos atualizados. O surto de diagnósticos é também composto por uma parcela de diagnósticos equivocados exatamente por conta da cultura que considera que a tristeza ou sentimento ruim não deve aparecer nunca. Tratar eventual e genuína tristeza como absolutamente intolerável é traço exclusivo da contemporaneidade adepta de sensações hipertrofiadas.

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Um outro aspecto que considero importante é a desqualificação da função paterna. O deslocamento do papel masculino trouxe modificações importantes nas suas diversas funções, inclusive a paterna. Essa figura de referência não se requalificou, me parece, ainda, muitas vezes deixando um vácuo onde deveria estar a figura e função paternas. Essa falta, que me parece contemporânea, acredito que esteja nas origens do desamparo e da tristeza que estão bem comuns de se observar. Em sujeitos com uma estrutura que predisponha à depressão, ela pode ser provocada. Além do fator ideológico, que não admite tristeza e precisa classificá-la como transtorno e não como algo inerente ao ser humano.
A depressão é um transtorno psiquiátrico. É descrita há milhares de anos, desde a época de Hipócrates. Os diagnósticos evoluem a partir de novas investigações da neurociência, com a compreensão dos mecanismos neuroquímicos subjacentes ao transtorno. Sabe-se que pessoas adoecem do transtorno mesmo sem estressores psicossociais. Há estudos que mostram a maior incidência de depressão em famílias, denotando a influência genética no aparecimento do transtorno. Mesmo assim , existe um subdiagnóstico da depressão nos serviços públicos de saúde , ao contrário do que pode parecer para a opinião pública.
Concordo com as opiniões dos colegas que me antecederam, que descrevem a depressão como uma patologia biopsicossocial, reflexo dos tempos atuais. Entretanto, existem estatísticas da OMS - Organização Mundial de Saúde- que mostram que 18,55 da população brasileira já teve pelo menos um episódio de depressão ao longo da vida. Penso que atualmente, se diagnostica mais, os serviços de saúde estão aptos a identificar quadros de depressão e a população em geral tem informações sobre a doença. Até pouco tempo, falar sobre saúde mental era tabu. Procurar um psicólogo era para loucos, um constrangimento que ficava encoberto, carente de acolhimento. Se algum membro da família apresentava algum distúrbio, era rotulado como "estranho","excêntrico", "diferente". Por isso, acho positivo que hoje tenhamos mais diagnósticos e estatísticas, pois apesar desta alta incidência, é possível lidar com as doenças psíquicas abertamente, sem preconceitos e assim, promover a saúde mental. .
Essa é uma questão importante que intriga especialistas e gera muitas pesquisas. Estudiosos apontam para características da vida moderna (como o enfraquecimento dos laços pessoais/sociais, estilo de vida onde o consumo é tido como a chave da felicidade, estresse, correria, etc.) como possíveis causas do grande volume de diagnósticos de depressão.
Outras pesquisas revelam uma grande quantidade de diagnósticos equivocados que aumentam bastante o volume estatístico.
Ademais, é importante lembrar que há certo consenso que a depressão é um transtorno de origem biopsicossocial e que acompanhamento profissional é importantíssimo.
A depressão pode advir de uma predisposição genética, assim como alicerçada por fatores psicossociais.
O modo como vivemos hoje, o ativismo, as expectativas com relação ao futuro, a cobrança pessoal por atingir essas expectativas, a necessidade de ser forte e o enfraquecimento dos vínculos familiares tem levado muitos à depressão.
Percebo que as relações são mais frágeis, troca-se de parceiro(a) sem um investimento real. Isso gera instabilidade, insegurança, solidão.
Vivemos numa era de mudanças, e muitas vezes somos forçados a entrar nuna roda vida que consome o melhor de nós, a paz, a serenidade , as relações e a saúde mental.
Fatores biopsicossociais e espirituais afetam diretamente a saúde da psiquê. Poderíamos discorrer um bom tempo sobre o que a política e economia promovendo sensação de desamparo podem influenciar diretamente na expressão da depressão.
As pessoas estão num ritmo frenético de vida, inclusive as crianças estão no aumento desses indicies, pois também aumentaram suas atribuições e suas atividades em excesso. O que vemos hoje são pessoas sem tempo para uma rotina mais saudável, para curtir e aproveitar a vida. Ao invés disso, trabalho e mais trabalho, que gera ansiedade, e consequentemente, pode evoluir para síndrome do pânico, depressão...
Nenhuma resposta trouxe a informação dos motivos de maior índices de depressão nos tempos atuais. É simples, excluindo-se os motivos genéticos de manifestação da depressão, temos que o mundo aumentou muito sua população; os meios de informação divulgam informações e estatísticas com maior precisão. Sabemos de dentre os vários motivos para causa da depressão estão as perdas mal administradas psiquicamente (luto mal vivido) em uma sociedade de consumo intenso, mais pessoas tem bens e assim mais pessoas perdem bem. Na época atual, mais pessoas perdem empregos, bens por furto, perdem cônjuges por separação, e assim em diante. Estas perdas normalmente tem um luto mal vivido, induzindo a sintomas de depressão e se não tratado, viram episódios de depressão propriamente. O assunto é muito mais complexo para se explicar nestas poucas palavras.
Sua pergunta é relevante e representa a inquietação de muitas pessoas. Afinal, se hoje falamos tanto sobre depressão, seria isso o resultado da maior importância que damos a ela ou um aumento real de sua incidência? As respostas são muitas: causas hereditárias, sociais, culturais, psicológicas. E como você pôde ver, não há consenso que esgote essa questão. Por outro lado, quem sabe possamos colocar uma pergunta mais interessante: "porquê uma pessoa está em depressão?".
Debaixo de um mesmo diagnóstico assistimos a uma infinidade de razões que levam alguém à depressão. Uma tentativa de responder à todas elas não muda o fato de que cada pessoa terá que encontrar as próprias razões de seu sofrimento.

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