O gastro passou um tratamento de antibióticos para hpylori por 10 dias mas tomei só 7 dias estou a 3

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O gastro passou um tratamento de antibióticos para hpylori por 10 dias mas tomei só 7 dias estou a 3 dias sem tomar
Compro o medicamento pra mais 7 dias ou encerro o medicamento?
Continuo em Aperfeiçoamento na Inglaterra. Tenho muitas atividades na Universidade, e fica difícil responder.
Mas sua pergunta me chamou a atenção.

O senhor(a) fala de 2 temas importantes:

1. H. pylori, o bichinho causador de úlceras, gastrites e implicado no câncer de estômago
2. O que fazer quando se interrompe um tratamento

Vou falar sobre o H. pylori. Chegamos a mais de 2.4 milhoes de leitores aqui, indo para 2,5 milhoes. Fico muito honrado com isso. Poder EXPLICAR coisas interessantes é uma alegria.
Mas deixo uma ressalva:
NADA que escrevo é pessoal. Uma das características da Medicina de alto nível é que tudo é PERSONALIZADO. Um tema que tenho estudado na Inglaterra é exatamente este:
por quê algumas pessoas não respondem tão bem a tratamentos habituais? Há diversas respostas possíveis. Poderá haver um fator genético(que é estudado pela genômica). Na prática, percebemos que há mais de um fator, inclusive fatores emocionais.

O que posso recomendar ao senhor(a) é que converse com seu médico sobre a retomada do tratamento. Ele tem o registro PERSONALIZADO dos seus dados. Eu nada posso falar de modo pessoal ao senhor.Como sempre: tudo que falo é genérico e não é pessoal.Dou uma resposta GENERICA, sobre o H. pylori, bichinho que causa úlceras, gastrites e está ligado ao câncer de estômago.

H. PYLORI

- o que é?
- o que causa?
- como se faz o diagnóstico?
- como se trata ?

Claro que tudo que falo é genérico.


SOBRE O H. PYLORI

----O H. pylori é o maior causador de úlceras e gastrites, e
é causa comum de duodenites. Tem papel importante no
câncer de estômago, embora este seja multifatorial. Isso foi confirmado já na década de 1990 pela ORGANIZAÇAO MUNDIAL DE SAÚDE.

===O H. pylori é muito comum e atinge metade da população do mundo(!!). São bilhões de pessoas afetadas.
Isso
mesmo: bilhões(!!).

====Por incrível que possa parecer, a maioria dos pacientes com H. pylori não tem sintomas. É verdade, a
maioria dos pacientes nada sente.

=====No caso de úlceras e gastrites pode haver dor abdominal (sintoma mais comum). Geralmente a dor é acima
ou em torno do umbigo.

======Há pacientes com náuseas(enjôo) e até vômitos.
Muitos tem plenitude (sensação de estômago cheio).

========Alguns pacientes tem saciedade precoce
(sentir-se satisfeito logo no início da refeição). Eles nos falam: "Doutor, comi só um pouquinho, mas parece que comi um
boi."

=========Mas só com esses sintomas não é possível
diagnosticar se há o H. pylori. Ter esses sintomas NAO faz diagnóstico de H. pylori. É importante saber isso.

O H. pylori é transmissível por água e alimentos contaminados. Nao há ainda certeza como se faz essa transmissão.

DIAGNÓSTICO

==========O diagnóstico, no Brasil, é feito durante a
Endoscopia. A Endoscopia também permite um excelente
diagnóstico da situação do esôfago, estômago e duodeno.
===========Há algumas sutilezas para a descoberta do
H. pylori pela Endoscopia. Por exemplo, se o paciente estiver em uso de IBPs (como omeprazol, lansoprazol, pantoprazol) o exame poderá ser FALSO-NEGATIVO. Em outras
palavras, o H. pylori está lá, mas o exame não detectou.
Esse é um fator que me torna tão interessado na QUALIDADE das Endoscopias.
Fazer uma Endoscopia cheia de fotos não mostra qualidade.
Fazer Endoscopia em local com átrios, marquises e jardins não mostra qualidade.
O que mostra qualidade é ter um Médico de alto nível, atento para as suilezas que cada paciente tem. Que o veja como um todo, nunca como "mais um paciente neste dia".
========== Na minha prática solicito aos pacientes que
parem de tomar os IBPs por um tempo antes da Endoscopia. Mas tenho a sorte de ser um Médico que acompanha
os pacientes por longo prazo, e conhece bem seus pacientes.
Se preciso, substituo os IBPs temporáriamente.


IMPORTANTE:

============estudos recentes comprovam que pessoas que tem parentes próximos com câncer de estômago
farão prevenção de câncer se eliminarem o H.
pylori. E isso é importante. É uma prevenção fácil e relativamente barata.
Mas lembro que o câncer de estômago é multifatorial e que, naturalmente, só uma parcela
mínima, ínfima, das pessoas com H. pylori desenvolvem
esse câncer.

CONCLUINDO:

Assim, mesmo o diagnóstico do H. pylori (algo que parece
fácil) tem suas sutilezas que devem ser respeitadas.
O tratamento se faz com pelo menos 2 antibióticos, associados a um IBP (como omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, etc).
O tratamento é eficaz, e os efeitos colaterais são relativamente incomuns, e costumam passar com o prosseguimento do tratamento. Nos raros casos em que a
bactéria não é eliminada, usa-se tratamentos de salvamento (ou segunda linha). Apesar do nome desagradável, esses tratamentos são eficazes e costumam
eliminar o H. pylori. Esses tratamentos podem ter 3
antibióticos além dos IBPs. Nos Estados Unidos, ás vezes usa-se
Bismuto como um dos componentes, medicamento
pouco frequente no Brasil.
A imensa maioria dos pacientes que tratam o H. pylori não tem efeitos colaterais. Quando eles acontecem, geralmente são leves e passam rapidamente com o uso das medicações.

Minha experiência:
comecei a praticar ANTES da descoberta do H. pylori. Não se sabia a causa das úlceras e gastrites e muito menos que a bacteria estava envolvida no câncer.

Dessa forma, tive a sorte de acompanhar essa página fundamental da Medicina, onde descobrimos a maior causa dessas doenças. Foi algo fascinante.
Desde a descoberta da bactéria, há mais de 30 anos, passei a trata-la. Houve raras vezes em que tive que usar os tratamentos de segunda linha, para casos resistentes. E nunca tive pacientes com efeitos colaterais severos.
Quando há úlcera é importante verificar se houve a erradicação após o tratamento. E é importante manter o paciente sem H. pylori nos casos de metaplasia no estômago (metaplasia NAO é neoplasia, são conceitos diferentes e eu já escrevi bastante sobre isso neste site).
Embora na maioria dos casos de gastrite não exista recomendação formal para exames de controle após o tratamento, costumo seguir o desejo de meus pacientes. E faço isso em S. Paulo ou na Atividade Humanitária no Sertão.
Vejo (e trato) os pacientes dos 2 locais exatamente da mesma forma.
Não há diferença em NADA no Atendimento S. Paulo ou no Sertão
Isso exatamente por que meu atendimento não se baseia em fatores financeiros.
Se alguém é meu paciente o que tenho a fazer é dar o meu melhor, em qualquer lugar.

AOS QUE ME PROCURAM, algumas palavrinhas:

Nas proximas semanas a Clínica não funcionará. Não haverá nem mesmo atendimento telefônico
Mas, tão logo eu volte ao Brasil, queremos reformular a Agenda.

Por favor, não tente contato por fone. Não queremos que fique frustrado. Temos grande respeito a nossos pacientes.

Mas, falo algo pessoal:

Sei que as consultas comigo nem sempre tem grande celeridade. A procura é grande, e tenho muitas atividades. Além disso, minhas consultas são bem demoradas, pois verifico muitos fatores além da História Clínica. Vejo por exemplo os Antecedentes Familiares para câncer, e me lembro de muitos casos em que o meu paciente veio para uma consulta rotineira e saiu com um diagnóstico de prevenção de câncer, que salvou-o dessa doença. Nem preciso falar que quando isso acontece eu não ganho o dia, mas ganho o ano (em termos espirituais).
É claro que essa atenção a diversos parâmetros torna a consulta mais demorada. E com isso eu consigo atender MENOS pessoas por dia.
Mas não me preocupo com quantidade. Tenho um interesse quase obsessivo em QUALIDADE.

E me atrevo a fazer um pedido, pessoal:

Peço a meus (futuros) pacientes : se acha
rem que alguma demora irá prejudicar sua saúde, recomendo que procurem outro médico. Não me esperem caso achem que a celeridade é importante.
Sua saúde é IMENSAMENTE mais importante do que eu ter a Clínica lotada.

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