Esquizofrenia pode virar transtorno esquizoafetivo ?

O transtorno esquizo-afetivo, quadro inicialmente descrito por Kasanin, em 1936, pode ser diagnosticado de diversas formas, das quais apenas uma é a usada pela Associação Psiquiátrica Americana (APA). No diagnóstico da APA, a existência de períodos muito breves de sintomas de esquizofrenia, associada a períodos bem caracterízados de transtorno do humor (depressão e/ou mania) permite que o transtorno esquizo-afetivo seja claramente separado da esquizofrenia ou de casos em que pacientes com esquizofrenia apresentam, também, sintomas depressivos. Entretanto, há critérios diagnósticos em que a separação não é tão clara, inclusive nos primeiros casos descritos. Pelos critérios da APA, estes outros casos seriam classificados, muitas vezes, como transtorno bipolar psicótico ou outros quadros semelhantes. Tudo isto resulta do fato de que, na maioria das vezes, é fácil distinguir casos de esquizofrenia de casos de depressão (psicótica ou não) ou de bipolares. Entretanto, existe uma pequena fração dos casos, que claramente tem sintomas e evolução intermediários entre a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Assim, a psiquiatria preciso encontrar uma forma de classificar estes casos, que não se encaixavam bem em nenhum dos dois transtornos - assim surgiu o transtorno esquizoafetivo como diagnóstico. Portanto, a esquizofrenia não "vira" transtorno esquizoafetivo.

Olá! O diagnóstico em Psiquiatria depende muitas vezes do seguimento longitudinal da paciente, visto que a manisfestação do transtorno depende da presença de alterações psicopatológicas que nem sempre podem ser observadas em uma única consulta. Neste caso, é possível que o diagnóstico se altere ao longo do seguimento.