Bom dia. Fiz um teste de tolerância a lactose. Resultado: Glicose basal: 82mg/dl Glicose aos 30m

Como sempre: é impossível analisar apenas dados de um único exame, desacompanhados de dados clínicos. Um paciente é um TODO.
Um paciente é sua clínica (sintomas), associado a seu exame físico, á sua dieta, a seu estilo de vida e á sua situação emocional. Também está ligado a seu passado médico(internações, cirurgias, uso de medicamentos), e a seu Historico Familiar.

Nao é apenas o resultado de um único exame.

Se um médico(a) analisa o paciente APENAS por um único dado, estará fadado a erros.

Nesse sentido, prefiro INFORMAR sobre a Intolerância á Lactose.
Faço isso pelo senhor(a) e pelos mais de 1 milhão de leitores que tenho aqui. Todos querem informações CONFIÁVEIS sobre as doenças, exames e tratamentos.
O QUE É?
Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose (açúcar do leite). O problema é resultado da deficiência ou ausência de uma enzima intestinal chamada lactase. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção.

SINTOMAS

O mais habitual é que haja distensão abdominal(barriga inchada), gases, diarreia e ás vezes náuseas após a ingestão de leite e derivados.

É claro que há diferentes graus de sintomas. Medicina é PERSONALIZADA.

Há pessoas com mais distensão. Outros tem mais diarreia e outros ainda terão gases.
Tudo isso é individual.
Eu já atendi pessoas que tinham como sintoma principal os vômitos, algo que é bem mais raro.

Deve-se lembrar que há crianças com intolerância á lactose desde bem novinhos. Outras pessoas desenvolvem a intolerância mais tarde. Habitualmente pessoas do Norte Europeu(holandeses, escandinavos, ingleses) dificilmente tem intolerância. Já os mediterrâneos (árabes, italianos, espanhóis, portugueses, israelitas, africanos e também japoneses) costumam ter maior tendência a desenvolver o problema.

É comum haver mais intolerância com o passar da idade.
E a intolerância muitas vezes depende da quantidade de leite(e derivados) ingerida.
Não é incomum a intolerância a lactose iniciar após haver gastroenterite( infecções do trato gastrointestinal)


DIAGNÓSTICO

Habitualmente o Histórico Clínico dá uma idéia razoável se há intolerância. Na prática, muitas vezes pede-se o Teste de Tolerância a Lactose, onde algumas amostras de sangue são colhidas após a ingestão de lactose. O padrão-ouro, contudo, é o teste respiratório.

TRATAMENTO

Muitas vezes a diminuição de leite e derivados já permite uma dieta praticamente normal. Pode-se usar também pílulas com a enzima antes das refeições. De modo geral, com estas medidas há boa resposta.

Mas, como falo sempre, tudo é PERSONALIZADO. Não há casos iguais. Isso torna a Clínica tão fascinante.

Minha experiência:
Não tenho tantos casos de intolerância á lactose em acompanhamento. Mas, em especial no Sertão, vejo um número maior de pessoas com esse problema e faço o diagnóstico e tratamento.
Quando verifico diarreias, tenho quase a obrigação de verificar se há intolerância á lactose. Nesse caso uso o teste do sangue, que é prático e relativamente simples.
Já vi casos diferentes: por exemplo uma pessoa que tinha como único sintoma os vômitos com uso de leite e derivados. Isso é raro, e eu gostaria de ter verificado outras causas de vômito. Mas perdi contato com a paciente, lá no Sertão. Outro moço teve diarreia imediatamente após ingerir a lactose durante o teste. Isso confirmou o diagnóstico.
Eu sou formado na época em que nossos Professores diziam:
A CLINICA É SOBERANA

Em outras palavras, quando um paciente nos fornece um Histórico Clinico devemos dar atenção a isso. Os exames são apenas complementares.
Não adianta fazer uma consulta sem atenção e pedir dezenas de exames.
Ao contrário, deve-se fazer uma Consulta de alto nível que nos permita ter uma boa idéia do diagnóstico, e apenas CONFIRMA-LO pelos exames que pedimos.

O Raciocínio Clínico é algo que começamos a estudar lá longe, no 3o ano de Medicina. E que nos acompanha na carreira toda. Mesmo após 34 anos de prática, ainda sou fascinado pelo assunto(que é chamado Semiologia Médica).

Os pacientes que relatei acima, me chamam a atenção e me fazem estudar aspectos mais incomuns desse problema. Mesmo após 34 anos de formado, ainda estudo( e acho que minha obrigação é estudar)

UMA PALAVRINHA AOS MUITOS QUE ME PROCURAM
1) devido a uma agenda pessoal sempre intensa, com Atividades Humanitárias no Sertão e (modestas) atividades Filantrópicas no Interior de S. Paulo e PR com inúmeras viagens, não tenho, neste momento, condições de ver novos pacientes, nem mesmo por Consultas Online ( método seguro e eficiente). Peço aos que me procuram a paciência de aguardar.
Espero ter a agenda normal em breve.

MAS

--- se o assunto for urgente ou causar qualquer risco a sua saúde, recomendo procurar outro médico(a). Prefiro que tenham sua Saúde preservada do que eu ter a satisfação de ter uma Clínica lotada.

Entendo que é exatamente por colocar a Saúde de meus pacientes antes de outras consideraçoes é que estou próximo de chegar aos 35 anos de clínica.

2) é possível ler minha Coluna sobre Doenças Digestivas no Face do Jornal Sudoeste do Estado. Quem sabe sua dúvida esteja lá.
E poderá obter informaçoes CONFIÁVEIS sobre doenças, exames e tratamentos sem recorrer ao Dr. Google. Este nem sempre apresenta opiniões dadas por médicos ou profissionais de qualidade. Mas na minha Coluna poderá achar muitas informações baseadas na minha experiência de quase 35 anos tratando dessas doenças, associadas aos últimos avanços da Medicina.

O melhor a ser realizado, neste caso é consultar-se com um gastroenterologista/hepato de sua confiança, a fim de esclarecer detalhadamente cada dúvida.