Dra. Clenia Tavares

Primeiro, é importante entender que o que seu namorado está passando é muito sério. Quando alguém fala sobre desistir da vida ou menciona tirar a própria vida, isso precisa ser tratado com urgência e atenção.

Acolhimento e escuta: Mesmo que ele tenha dificuldades em acreditar no tratamento, mostre que você está ao lado dele. Acolha seus sentimentos sem julgamento. Diga que entende o quão doloroso e pesado ele deve estar se sentindo, mas que ele não precisa enfrentar isso sozinho. Fale que você está ali para apoiá-lo e que ele merece encontrar alívio para o que está passando.

Procure Ajuda Imediata: Mesmo que ele não queira buscar terapia no momento, é essencial que você busque apoio para lidar com isso. Incentive-o a procurar um profissional especializado, mas, se ele resistir, talvez seja necessário procurar ajuda emergencial. Entre em contato com profissionais de saúde mental, psicólogos, psiquiatras, ou até serviços de emergência em casos de risco iminente, como o CVV (Centro de Valorização da Vida) no Brasil, que oferece apoio emocional.

Tente falar sobre a depressão como uma condição tratável: Explique que a depressão distorce a percepção das coisas e faz a pessoa acreditar que não há esperança, quando, na realidade, existem tratamentos eficazes para a depressão, mesmo para quem sente que não quer viver. Muitas vezes, as pessoas pensam assim porque estão sendo consumidas pela dor e não conseguem enxergar saídas.

Cuide de si mesma também: Lidar com a situação de uma pessoa próxima que está com depressão pode ser muito desgastante emocionalmente. Não hesite em buscar apoio para você também, seja de amigos, familiares ou até mesmo profissionais. Você precisa estar forte para poder ajudar.

É um momento em que você pode mostrar muito apoio, mas também é vital envolver profissionais qualificados, porque essa situação exige cuidados especializados.

A crise de ansiedade pode desencadear uma série de reações físicas e emocionais intensas, e uma das manifestações mais comuns é a preocupação excessiva com a saúde, também conhecida como ansiedade de saúde ou hipocondria. Aqui estão algumas razões pelas quais isso acontece:

1. Resposta Natural do Corpo ao Medo
Quando você está em uma crise de ansiedade, o corpo entra em um estado de alerta conhecido como resposta de "luta ou fuga". Esse mecanismo, que evoluiu para nos proteger em situações de perigo, aumenta a produção de adrenalina e cortisol, hormônios que preparam o corpo para reagir rapidamente. No entanto, em uma crise de ansiedade, essa resposta é ativada de maneira inadequada, mesmo sem uma ameaça real.

Como resultado, os sintomas físicos típicos da ansiedade – como palpitações, sudorese, tontura e falta de ar – são frequentemente interpretados como sinais de uma doença grave. Isso faz com que a pessoa comece a focar excessivamente no próprio corpo, prestando atenção em cada pequena sensação, o que intensifica a preocupação com a saúde.

2. Medo de Perder o Controle
A ansiedade muitas vezes está relacionada ao medo de perder o controle, seja emocional ou físico. Quando uma pessoa tem uma crise de ansiedade, ela sente que não tem controle sobre os sintomas físicos, o que pode gerar a preocupação de que algo pior possa acontecer, como passar mal ou desenvolver uma doença grave.

Essa sensação de falta de controle faz com que o foco na saúde aumente, pois a pessoa tenta "monitorar" o próprio corpo na tentativa de prevenir algo ruim. Isso pode criar um ciclo vicioso: quanto mais você se preocupa, mais intensos se tornam os sintomas da ansiedade, e quanto mais intensos os sintomas, mais você se preocupa.

3. Sensibilização a Informações sobre Doenças
Em momentos de ansiedade, a mente está mais sensível a qualquer coisa que possa ser percebida como uma ameaça. Isso inclui ouvir ou ler sobre doenças. A mente ansiosa tende a amplificar essas informações, fazendo com que a pessoa associe os sintomas que está sentindo a essas doenças, mesmo que não haja uma ligação real.

O medo de desenvolver uma doença grave é exacerbado porque a mente ansiosa está constantemente buscando sinais de perigo. Ouvir sobre doenças age como um gatilho, reforçando a crença de que "isso pode acontecer comigo a qualquer momento". Isso pode fazer com que a pessoa interprete qualquer desconforto físico como um sintoma dessa doença, gerando ainda mais ansiedade.

4. Ciclo de Pensamentos Catastróficos
Pessoas com ansiedade costumam sofrer de pensamentos catastróficos, que são pensamentos exagerados sobre o pior cenário possível. No caso da ansiedade de saúde, esses pensamentos podem se manifestar da seguinte forma: "Se eu estou sentindo dor no peito, deve ser um ataque cardíaco", ou "Se eu estou com dor de cabeça, pode ser um tumor cerebral".

Esses pensamentos não são racionais, mas durante a crise de ansiedade, a mente está em um estado de hiperatividade, processando informações de forma distorcida. Isso torna difícil para a pessoa avaliar os sintomas com clareza e calma.

5. Hipervigilância
A ansiedade faz com que a pessoa fique hipervigilante, ou seja, em um estado constante de alerta sobre o próprio corpo. Ela começa a monitorar cada sensação física – desde uma dor leve até uma palpitação – e interpretar isso como um possível sinal de algo mais sério. Essa hipervigilância pode fazer com que o corpo reaja de maneiras físicas e reais ao medo (como tensão muscular, alterações na respiração, etc.), o que alimenta ainda mais a ansiedade.

6. Falta de Conexão com o Presente
A ansiedade, especialmente quando relacionada à saúde, geralmente envolve o medo do futuro: "E se eu desenvolver uma doença grave?", "E se algo acontecer comigo?". Esse foco no futuro faz com que a pessoa perca a conexão com o presente e com o que está realmente acontecendo no corpo naquele momento. Em vez de perceber que o que está sentindo pode ser apenas uma resposta ao estresse ou à própria ansiedade, a mente salta diretamente para o pior cenário possível.