Artigos 15 outubro 2024

O que é vaginismo e como é tratado na terapia sexológica?

Diego Henrique Viviani Psicólogo, Sexólogo
Diego Henrique Viviani
Psicólogo, Sexólogo
  • O que é Vaginismo?

O Vaginismo em geral é caracterizado pela contração involuntária dos músculos vaginais, o que impede a penetração e introdução de dedos e objetos no canal vaginal, condição que por sua vez impede o uso de absorventes internos e exames de rotina.

Existe uma discussão atual no meio científico que separa o vaginismo da dispareunia, onde alguns autores sugerem que o vaginismo impede penetração e introdução de qualquer objeto no canal vaginal, e a dispareunia se caracteriza pela dor que pode ocorrer antes, durante ou depois da penetração. Já outro grupo de autores sinaliza o vaginismo como contração involuntária do canal vaginal que pode impedir ou dificultar a penetração e introdução de dedos e objetos, já a dispareunia fica ligada a dor durante a atividade sexual. Ambas as condições podem ter sua origem em condições psíquicas, emocionais, físicas ou a somatória de duas ou mais destas condições.

Em resumo, o primeiro grupo trata o vaginismo como impossibilidade total de penetração e já o segundo grupo trata como impossibilidade parcial. Neste texto iremos abordar o vaginismo como sugerido no primeiro grupo de discussão: como impossibilidade de penetração e introdução de dedos e objetos no canal vaginal.

Por falta de estudos mais aprofundados é difícil mensurar qual é a sua frequência na população feminina, contudo existem estimativas que apontam que cerca de 18% desta população sofrem com algum tipo de dor ou desconforto relacionado a atividades sexuais e presume-se que cerca de 7% da população mundial feminina seja afetada pelo vaginismo.

O objetivo deste texto é explorar o vaginismo da maneira mais objetiva possível, para tentar identificar algumas das suas possíveis causas, impactos que esta disfunção gera em mulheres com esta queixa, ramificações que a disfunção pode causar nesta pessoa e em seus relacionamentos, bem como ferramentas de tratamento para quem enfrenta esta dificuldade.

O vaginismo além de ser um dificultador de vida sexual satisfatória, pode trazer um impacto negativo significativo para condições físicas e emocionais, sendo assim, espero que este texto possa funcionar como um desmistificador deste tema, bem como um encorajador de pessoas que sofrem com esta condição para que possam procurar ajuda adequada e encontrar um caminho de qualidade de vida.

Causas do Vaginismo

As causas do vaginismo são variadas e podem ter sua origem de maneira específica ou multifatorial, isso significa, que ele pode ser de origem psicológica/emocional, cultural, física, médicas ou cumulativas entre as esferas destacadas. Entre os causadores mais comuns podemos encontrar:

  • Condições Psicológicas as questões psicológicas e emocionais podem estar intimamente ligadas ao vaginismo e podem desempenhar um papel importante para manter e desenvolver a disfunção. Questões relacionadas a traumas, ansiedade, medo, estresse, ansiedade de desempenho, questões religiosas, normas culturais, mitos e crenças sexuais frequentemente são relatadas em paralelo desta queixa sexual

  • Condicionamento aprendido A associação de dor a atividade sexual ou introdução de objetos (dispareunia), seja originada de caráter físico ou psicológico, podem evoluir para um quadro mais severo e causar um aprendizado físico de contração involuntária como proteção a dor e assim se desenvolver para um quadro de vaginismo.

  • Condições médicas Embora seja menos frequente, algumas condições médicas como infecções, problemas hormonais, endometriose e outros casos podem causar dor e contribuir para evolução de um quadro de vaginism

Vale dizer aqui, que cada pessoa tem uma experiência de vida, sendo assim o desenvolvimento do quadro pode se dar a partir de interações diferentes sobre os quadros descritos acima e muitos outros possíveis causadores. Neste sentido, é importante mencionar que o quadro diagnóstico deve ser feito de maneira séria e realizado por profissionais adequados, e apesar do psicólogo especialista em sexualidade ser o mais indicado para tal diagnóstico e tratamento do vaginismo, nada substitui a frequência e acompanhamento de visitação ao seu médico ginecologista que viabilizará a manutenção da saúde física desta mulher.

Sintomas e diagnóstico:

O Vaginismo pode apresentar sintomas físicos, psicológicos e emocionais, tais sintomas podem variar em tipos, intensidade e frequência para cada pessoa, contudo ele pode ser dividido em três formas:

  • Vaginismo primário: Nesse caso, a contração muscular ocorre desde as primeiras tentativas de penetração vaginal, desde o início da vida sexual.

  • Vaginismo secundário: Aqui, a disfunção surge posteriormente a um período de vida sexual satisfatório.

  • Vaginismo situacional: Nessa forma, a disfunção sexual acontece com parcerias ou situações específicas, que podem aumentar o estresse ou a ansiedade, mas em outros contextos e situações a condição não acontece.

Um ponto relevante do vaginismo é que apesar deste quadro impedir a penetração, nem sempre está ligado a uma queda de desejo sexual, ou impedimento desta mulher chegar ao orgasmo por estimulação externa. Ou seja, em muitos casos de vaginismo a mulher tem o desejo sexual e o orgasmo preservados. Só que a evolução do vaginismo ao longo do tempo pode causar algum impacto negativo nas áreas preservadas se o quadro não for tratado adequadamente.

Outro ponto importante de ser ressaltado é que em alguns casos a mulher se sente incapaz de ter atividade sexual com penetração, mas a introdução de dedos e outros objetos é possível e satisfatório, às vezes feitas por ela mesma, ou pela parceria, em outros casos apenas feita por ela mesma. Por estes e outros motivos o diagnóstico precisa ser feito por um profissional experiente e que explore todos os aspectos desta disfunção sexual.

Entre os sintomas mais comuns do vaginismo podemos encontrar:

  • Impossibilidade de penetração, baseado no modelo discutido neste texto o sintoma que sempre haverá no vaginismo é a impossibilidade de penetração e/ou introdução de dedos e objetos no canal vaginal.

  • Dor durante a tentativa de penetração e/ou durante a tentativa de introdução de dedos e outros objetos;

  • Dificuldade ou impossibilidade de manter exames ginecológicos intravaginais, ou uso de absorventes internos;

  • Ansiedade e medos relacionados ao sexo;

  • Sentimento de culpa, incapacidade e frustração;

  • Baixa autoestima e sentimento de não pertencimento ou completude e muitos outros.

O diagnóstico do vaginismo normalmente é feito por uma avaliação médica ginecológica, contudo deve-se levar em consideração aspectos psicológicos e emocionais que cercam o tema, por isso é importante considerar a avaliação feita por psicólogos especializados em sexualidade, independente das causas serem de origem física ou psicológica.

###Tratamento:

O tratamento do vaginismo visa ajudar as pessoas afetadas a superar a contração muscular involuntária e ir em busca de uma vida sexual saudável e satisfatória.

Existem várias abordagens terapêuticas disponíveis para o tratamento do vaginismo, entre as mais comuns encontra-se a terapia cognitivo comportamental, que visa identificar padrões de comportamentos disfuncionais, bem como os pensamentos e emoções que o cercam. A psicoterapia sexual, além de buscar ferramentas para modificação de comportamento, se atenta para a saúde mental e emocional da paciente, neste sentido o psicólogo trabalha a partir de técnicas de treinamento comportamental, treinamento assertivo, reconhecimento de pensamentos e emoções, mitos e crenças sexuais, educação sexual entre outras técnicas.

Alguns outros tratamentos indicados surgem com a fisioterapia pélvica que trata especificamente aspectos físicos da condição e em muitos casos é um aliado imprescindível para a evolução da paciente.

Cabe dizer aqui que cada pessoa é única, sendo assim, a forma e tempo de tratamento é individual de acordo com a necessidade de cada paciente.

Conclusão:

O Vaginismo não afeta apenas a condição física da mulher. Apesar desta ser a característica principal, o maior impacto está na vida emocional, afinal esta dificuldade pode levar a sentimentos de frustração, ansiedade, baixa autoestima, depressão e muitas outras condições de sofrimento, além de conflitos de relacionamento que podem surgir com a disfunção sexual.

Neste sentido, apesar do acompanhamento médico ginecológico, que foi repetido ao longo do texto propositadamente para mostrar a importância deste acompanhamento, também se faz necessário um apoio psicológico e emocional para abordar a amplitude que este quadro atinge.

Sendo assim, é importante lembrar que o Vaginismo é uma disfunção sexual tratável e que com o suporte adequado é possível restaurar ou alcançar uma vida sexual saudável e satisfatória.

Vale lembrar novamente que cada pessoa é única, e assim como o desenvolvimento do quadro é singular para cada mulher, o formato e o tempo de tratamento também será único e por este motivo pode variar de paciente para paciente.

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